29.10.12

eu não sei lidar com isso mesmo!!

tava perdida navegando depois de muitas tentativas falidas de afogar as mágoas, passo pelo facebook pra completar o desastre e vejo o link desse texto da Clarissa Corrêa, gosto bastante de alguns textos dela, algumas coisas não concordo, outras até demais. sabe quando a gente lê uma coisa que outra pessoa escreveu, mas parece até que está lendo um pensamento seu, então.

o fato é que esse texto diz exatamente tudo o que tenho pensado, tudo o que vem na minha cabeça cada vez que lembro de uma pessoa, e parece que só porque era para esquecer, lembro cada vez mais. uma droga mesmo. será que isso tem fim? passa? todos os meus últimos posts tem perguntas e nenhuma resposta.

o negócio é que já tentei odiar, já tentei me enganar e fazer discursos sem fim de como tudo vai ficar bem, já tentei me distrair, chorei tudo que podia chorar, ouvi música triste, música alegre, morri de rir, comecei a fazer artes marciais, pedi a ajuda de Deus e dos Astros, tentei focar no filho, no trabalho, nos estudos, nos amigos, até na minha mãe... tentei achar outras pessoas interessantes, dancei pela casa, fiz arroz integral até não aguentar mais, fui no bar, fiquei no meio de um monte de gente, fiquei sozinha, falei no telefone até de madrugada pra pegar no sono, fiz terapia em grupo, por telefone, na fila do banco. nada ameniza.

nada satisfaz, nada passa por cima desse sentimento que insiste em ficar voltando e voltando, caramba! quantas vezes por dia... isso diminui? alguém me responde por favor. algum sobrevivente, alguém que tenha recuperado o sorriso espontâneo no rosto e no coração.

eu sou brega mesmo, sou fora de moda, estou toda errada, eu sei. gosto de combinar laranja com roxo, fico feliz assistindo curta experimental na TV e ainda convido as pessoas pra assistirem comigo, bebo cachaça pra conseguir dormir e quase morro engasgada, dou bronca no meu filho e depois desdou porque lembro que eu também adorava brincar com água, apertar botões e morria de medo de responder tabuada na chamada oral.

não faço ideia de onde quero chegar, as vezes acho que está bom como está, sinto um ventinho entrando pela janela e até parece que vai sim ficar tudo bem, mas logo isso passa e o peito volta a apertar.

por esses dias assisti um clássico, que a tempos queria ver, bateu o aperto no peito, lembrei do último filme que vimos juntos, aqui no sofá, na mesma hora a razão voltou pra me salvar, sinceramente, se ele estivesse aqui estaríamos vendo esse filme juntos? talvez, dificilmente, talvez a gente estivesse na cama fazendo amor, talvez eu estivesse dormindo sozinha e ele preso em algum sistema operacional Hiper V XHY Server SQL, olhando pra uma tela fixamente por sei lá quantas horas, mais do que posso esperar.

me perder é tão fácil, perder tudo o que foi achado um dia é tão rápido. e ter razão não significa benefício próprio algum. como queria estar errada. eu te prometo: o melhor beijo do mundo por um erro dentro do envelope no lugar das chaves de casa.



27.10.12

carta

escrevo para você na esperança de que um dia procure saber como estou, no que penso e a motivação disso tudo que acabou. acabou, mas não é bem assim, fim, fácil, terminou, as lembranças ficam junto das dúvidas. os filmes que passam em minha cabeça são cheios delas, das lembranças e das dúvidas, não tem fim, rebobino a fita, imagino outros roteiros possíveis, sinto tudo de novo e de novo.

muitas das coisas escritas aqui, são para você.

o trabalho de retomar a razão e a serenidade de uma decisão tomada não é nem um pouco fácil, nesse meio tempo pareço uma louca completa, fazendo coisas sem sentido, escrevendo palavras confusas, brigando com o sono e acabando com minha saúde, faltando no trabalho, adiando compromissos, deixando tudo pra depois, olhando para pontos fixos por minutos prolongados enquanto as agitações ao meu redor não compreendem a necessidade de simplesmente parar tudo. pois é, é só isso que tenho feito ultimamente, brigar comigo mesma, tentar continuar mesmo com todo o meu organismo resistindo em seguir em frente. a vida não dá trégua, nunca deu.

fico imaginando o que ficou disso tudo pra você, principalmente como deve ser incompreensível a minha confusão, os altos e baixos, os rompantes. deve achar que te odeio por não querer mais te ver e por querer enviar por terceiros as suas coisas. não odeio não, nem um pouco, talvez essa seja a maior dificuldade, eu te amo, e insisto em ter esse defeito de fabricação(criação): o amor romântico. o amor falido, iludido, idealizado, irreal. qualquer coisa que você fizer ou ser estará fadada ao fracasso, e não é sua culpa, é do amor romântico.

talvez a gente tenha uma história bonita juntos, de muita dedicação e tudo foi melhor ainda do que eu poderia desejar, foi real, na medida do possível, vivemos cada momento, vivemos cada desejo e cada verdade, experimentamos nossos limites, nos superamos, afinal foi uma história de uma menina e de um menino, que aprenderam a amar e a ser adultos juntos, com toda a complexidade, que isso implica. vivendo e encarando todos os machucados e cicatrizes, que já tínhamos, tão novos. e nos refizemos, nos refizemos tão bem, que hoje somos praticamente inteiros, construímos nossa identidade e estamos a caminho de consolidar isso.

e talvez por isso tudo que conquistamos, nesse caminho de consolidar o que somos, não existe espaço mais, nem em mim e nem na sua vida, para o meu amor romântico. ele me consome demais, ele exige de você coisas que não são da sua natureza. ele nos prende e nos limita. se pudéssemos ser pequenos, talvez fosse suficiente, mas não é, sentimos lá no fundo, na essência e nas entranhas, de que algo está errado, que não estamos fazendo algo importante. cada um no seu caminho.

e agora enxergo com um pouquinho mais de clareza, a limitação é tão minha, quanto sua. no medo de encarar a autonomia, o tempo e o espaço, o que sou e o que faço, minha identidade, tentei me distrair, me dedicando inteira a um sentimento. tentei me distrair focando no que faltava e não no que tinha, focando no ter e não no ser e no viver. e então, como me conheço bem, só uma decisão radical daria a chance necessária para essa mudança, de foco, de um jeito atrapalhado, tudo bem, sou assim mesmo, mas estou no caminho, redirecionado, atordoado, mas estou seguindo e é isso que importa agora.

em meio a tantas dúvidas agora, ainda, é isso o que importa e por enquanto é o que basta.


25.10.12

escolhas possíveis

o corpo dói
e a febre chega mais forte
em reflexo da falta, que lateja em vão nos meus pensamentos
esses chegam rápidos
inesperados
tento afastá-los
mas são teimosos
como o amor, que está aqui dentro e insiste em ficar

você já foi, eu sei
mesmo antes de dizer tchau
sempre posso contar com sua rapidez nesses momentos
melhor de uma vez
numa punhalada

o corpo logo não se segura
entrega as forças
e queima a pele pálida
com sombrios arrepios

vou me encolhendo tentando voltar
penso em te ligar
e perguntar mais uma vez 
por que mesmo?
quando foi que tudo desabou?
tinha que ser assim?
a culpa é toda minha!

e num suspiro de lucidez retomo a razão
o fim é necessário
a lição ainda não foi aprendida
simplesmente não posso continuar precisando assim tanto de você

chora, chora mesmo
mas vai aprender a respirar o próprio ar
a se virar no mundo
contar com a sorte
ser inteira
não esperar tanto
ser livre
e não desejar mais que a medida do coração são

aprende a cada instante lento e inteiro
que o tempo é seu
e está escorrendo das mãos nos sentidos de suas escolhas
certas ou erradas,
que sejam possíveis


22.10.12

pelo amor de Deus, do Buda, dos Espíritos Santos e das Energias Cósmicas

o que ta acontecendo? me perdi em algum momento, mas tanto, que escapou tudo, toda vida que existia aqui se perdeu, esvaiu, sumiu. e agora José? e agora mulher? que fazer? por onde começar? pega a linha desfiada e faz o caminho de volta ou termina de desfiar logo e faz outra coisa, qualquer coisa. qualquer coisa pra sentir que é viva, que vale a pena, que o sol vai nascer, que a lua ainda brilha, que ainda tem gente do seu lado, por enquanto.

pega essa coisa aí e enfia numa gaveta, joga fora, deleta, deixa pra depois, já deu, basta. para de brigar sozinha, conversar com o eco da sua própria voz, querer demais é se perder também.

tudo já foi dito, explicado e desentendido, ponto final.

todas as vezes que olhou pra trás ele já não estava mais lá.

até que ponto vale continuar? tudo trava, tudo é difícil, se é por sua causa ou por causa dele, não importa mais, algo não vai bem e não funciona mais, talvez nunca tenha funcionado, e só querer tanto não basta afinal. para de querer conduzir a vida, saber do imponderável, do desconhecido, que não tem intenção nenhuma de se revelar, simplesmente não faz parte dos planos.

a proposta desde o início era simples, você é que tem essa mania de romancear em volta e se perder na ponta da língua. ta na hora de deixar esse jogo de lado e olhar pra outros campos, dar um tempo ao coração. chega menina chega, seu coração já se cansou de falsidade, de verdades rasas, do deserto do Saara, sem água, sem sombra, sem uma mão firme e segura pra te apoiar, que a caminhada é dura e não é brincadeira ser gente grande, mais ainda quando não se tem escolha.

respira fundo, alinha a postura, tenta se livrar dos maus hábitos, um por vez já é boa medida.

se concentra, aos poucos, ao menos tenta, um pouco mais, e mais, chega no ponto razoável pra começar do zero, começa hoje pelo amor de Deus, do Buda, dos Espíritos Santos e das Energias Cósmicas. é só uma página em branco depois de tantas rascunhadas, rabiscadas, rasgadas, uma página em branco em papel nitidamente limpo, sobre a mesa, esperando o lápis e o começo.


18.10.12

viva

 
ilustração de Juli Ribeiro http://oafetoeacidade.blogspot.com.br/

penso em desistir da vida
ao menos como ela é agora, mudando cada vírgula
penso em ir embora
mudar pra um lugar bem longe só pra ocupar a cabeça com outra vista,
outro cotidiano
penso em matar o passado
abrir portas velhas e enferrujadas e jogar todo tipo de tralha fora

queria não pensar tanto
queria só viver

viver a impermanência
viver as pessoas
os lugares
o ar

quereria
poderia
viveria

viva

16.10.12

transbordando




Ilustração de Juli Ribeiro http://oafetoeacidade.blogspot.com.br/

sei bem onde ir pra chegar no limite da paciência, e faço questão.
posso sempre contar com a falha, só porque é sempre a mesma.
não tem surpresa.
só perguntas, infinitas e cheias de mimimi.
e olha que não falta roupa suja pra lavar.
o varal tá cheio
e o saco também.
a palavra sempre escorrega.
a ação nunca se concretiza.
para sempre
é sempre por um triz.
ôo Beatriz! cadê você?
o ouro é de tolo
porque lealdade e honra é coisa de bobo.
sonhos.
sonhos e devaneios.
palavras bonitas e cheias de vento.
vontades sinceras
de um tempo que não existe.
o tempo para o outro,
para o humano,
para a vida.
que não é só essa merda aí que insiste em transbordar.


14.10.12

amor de medida - amor sem medida

ilustração de Juli Ribeiro http://oafetoeacidade.blogspot.com.br/

vou seguindo assim parecendo muito confusa e complicada pra você, sei, mas é que nem eu sei o que quero, como me sinto, como vou ficar na próxima vírgula, na próxima noite, no café da manhã. agorinha sinto a casa tão vazia, uma ordem estranha de ausência, é uma sensação esquisita. ainda outro dia você me perturbou com suas manias, com sua presença espaçosa e eu te pedi um meio-termo. eita meio difícil de definir, sempre escapando para um lado e para o outro, fazendo verter águas de meus olhos, fazendo vazios no estômago doerem e um peito apertado de sufocar.

meu meio-termo sempre tende mais a você do que a mim, sou assim desmedida no amor.


9.10.12

em três tempos


ilustração de Juli Ribeiro http://oafetoeacidade.blogspot.com.br/

"as peças que nunca se encaixam não param de rodar e rodar mundo a fora, pelas mesas de bares, salas de cinema, pelas ruas iluminadas de São Paulo. tenho a impressão de que sempre consigo ser a peça mais desencaixada, me envolvendo nas tramas dos outros, me complicando em histórias que não são minhas. nessa brincadeira perigosa vou fugindo de viver a minha, acabo sozinha, livre dos outros, presa aos meus medos e num treino irônico do destino vou praticando o desapego. praticando e praticando, o receio que fica é de me desligar demais de tudo, estar alheia como nunca estive, mais ainda do que aos 11 anos, em minha primeira melancolia consciente, persistente."

"sou dessas pessoas que se encanta com o sol, com a lua, com uma boa conversa, dou risada fácil e olhar um horizonte é um paraíso sem tamanho. gosto de ir seguindo sem hora marcada, ou de ir ficando pelo prazer de estar. qualquer brechinha de céu, pra mim, é felicidade! transporte tudo isso pra uma beirada de praia, os pés moldando a areia e já basta. me coloca num prédio, logo encontro alguém de olhinhos brilhantes também, se não tiver, um bom texto ou uma tela em branco pra escrever pode servir, se tiver música no ouvido vou ficando logo alegre. numa sala escura, projeção. na estrada, vento. na calçada, tempo. é sim, tão fácil ser feliz."

"a espera tem dois sentidos,
o da expectativa-frustração
e o da falta de razão.
não sei mais onde me perdi.

de repente me perder por caminhos inusitados
tem feito mais sentido,
tem sido mais prazeroso
do que insistir em caminhos do passado.

minutos eternos passam
sons do passado tocam
luzes ofuscam meus olhos
doloridos
tetos caem
pessoas passam e passam
apressadas
e incomoda os olhos a cada levantada pra ver
se é real, se existe, se é possível
e a cada constatação
um suspiro
uma esperança vã
e uma ligação estúpida
causa a irritação final"

“Feliz é a inocente vestal
Esquecendo-se do mundo e sendo por ele esquecida
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança”
Alexander Pope

8.10.12

Para assistir com os meninos


No último sábado assisti "O Enigma de Outro Mundo" (The thing) de 1982, na retrospectiva John Carpenter no Cinesec, uma boa opção para os alucinados por ficção científica e filmes de terror.



Confesso, nunca gostei de filmes de terror, tenho medo, ponto, mas tenho uma curiosidade irresistível por alguns deles, principalmente se carregados de suspense. Já os filmes de ficção científica entraram na minha vida com o Caio, estamos sempre procurando novas experiências no cinema, tentando fugir do mais do mesmo que existe nas ofertas de cinema para crianças, e assim descobrimos nos filmes dos anos 70/80 uma variedade de filmes interessantes sobre o espaço, alienígenas, macacos falantes etc.

"A coisa" tem muito suspense, as tomadas de câmera são monstras, incríveis, me ganhou principalmente pela trilha sonora, que trilha sonora, mesmo com toda aquela gelatina e sangue gosmento a trilha sonora te faz levar o filme muito a sério, te transporta para as cenas e te faz fechar os olhos com as mãos deixando uma frestinha pra não perder nada.

A programação continua até o próximo domingo com filmes imperdíveis, ainda mais numa tela de cinema, e para meninos de 10 a 30 e poucos anos, tem um gosto todo especial. Os olhinhos brilhantes, saudosistas e curiosos, são uma atração a parte! rsrs

O Enigma de Outro Mundo
Cinesesc
Dia(s) 06/10, 11/10
Sábado, às 21h30. Quinta, às 16h30

(The Thing) de John Carpenter. Com Kurt Russell, Wilford Brimley, Keith David. Estados Unidos, 1982. 109min. Uma expedição de cientistas na Antártica é surpreendida por um helicóptero que sobrevoa a área caçando um cachorro. Quando o helicóptero explode, eles ficam sem saber o motivo da perseguição e levam o cão para seu abrigo. Durante a noite, o animal ataca outros cães, iniciando o que parece ser uma epidemia alienígena: os infectados têm seus corpos dominados pela força extraterrestre. Os membros do grupo passam a desconfiar uns dos outros, sem saber quem teria sido transformado. MacReady, um piloto de helicóptero, decide lutar contra a infestação e investigar quem dentre eles ainda é humano.

Veja a programação completa:
http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/busca.cfm?conjunto_id=10307

2.10.12

duas músicas

 
 
Suburbano Coração
 
Quem vem lá
Que horas são
Isso não são horas, que horas são
É você, é o ladrão
Isso não são horas, que horas são
Quem vem lá
Blim blem blão
Isso não são horas, que horas são
A casa está bonita
A dona está demais
A última visita
Quanto tempo faz
Balançam os cabides
Lustres se acenderão
O amor vai pôr os pés
No conjugado coração
Será que o amor se sente em casa
Vai sentar no chão Será que vai deixar cair
A brasa no tapete coração
Quando aumentar a fita
As línguas vão falar
Que a dona tem visita
E nunca vai casar
Se enroscam persianas
Louças se partirão
O amor está tocando
O suburbano coração
Será que o amor não tem programa
Ou ama com paixão
Mulher virando no sofá
Sofá virando cama coração
O amor já vai embora
Ou perde a condução
Será que não repara
A desarrumação
Que tanta cerimônia
Se a dona já não tem
Vergonha do seu coração
 
 
 
 
 
O Meu Amor
Chico Buarque

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz